quinta-feira, 19 de março de 2015

Tamika Catchings e Kobe Bryant têm muito mais do que o número da camisa em comum


Quem acompanha basquete certamente sabe quem é Kobe Bryant. Ao lado de LeBron James, o jogador do Los Angeles Lakers é um dos maiores ídolos da era pós Michael Jordan e por onde passa arrasta uma multidão de fãs. Mas existe uma jogadora na WNBA, com passos semelhantes aos do astro da equipe californiana, que também faz do esporte da bola laranja uma arte.

Tamika Catchings é uma das peças do elenco do Indiana Fever, equipe pela qual foi draftada em 2001. Não jogou sua primeira temporada como novata devido a uma lesão, mas a partir de 2002 fez muito estrago com os seus adversários. Campeã mundial e olímpica diversas vezes com a seleção dos Estados Unidos, além de presença garantida em All-Star Games, em 2012 garantiu seu primeiro título da WNBA, em uma série final contra o fortíssimo Minnesota Lynx. Foi a coroação de uma carreira que já contava com um MVP exatamente na edição anterior (2011).

Kobe e Tamika vestem o mesmo número na camisa: 24. Ambos são estrelas do basquete, nomes que não ficam de fora de discussões de especialistas e torcedores sobre quem é o melhor de cada modalidade que representam. Mas existe um elo muito maior entre eles: quando crianças, eram amigos... na Itália.

Tanto o pai de Bryant quanto o de Catchings foram jogadores da NBA. Harvey Catchings jogou de 1974 a 1985 no Philadelphia 76ers, New Jersey Nets, Milwaukee Bucks e Los Angeles Clippers. Joe "Jellybean" Bryant desfilou nas quadras da maior liga de basquete por menos tempo, mas dentro do mesmo período, de 1976 a 1984, no Philadelphia 76ers, San Diego Clippers e Houston Rockets.

Após o fim de sua carreira na liga norte-americana, o patriarca da família Catchings se mudou para uma cidade chamada Gorizia, ao norte da Itália, para atuar pelo Segafredo. O Sr. Bryant foi para Rieti, jogar no AMG Sebastiani Rieti, e passou mais sete temporadas em equipes italianas.

Foi neste período que os Bryant e os Catchings se encontraram e desenvolveram um laço firmado no sangue norte-americano. Naquela época, somente dois atletas estrangeiros poderiam fazer parte dos elencos da liga italiana, então era comum que os jogadores se conhecessem. Assim, Tamika e Kobe passaram uma parte da infância juntos, passeando pela Itália, visitando o Coliseu e, claro, jogando basquete.

Joe Bryant e Harvey Catchings passeando no Coliseu, em Roma

Os dois chegaram a jogar basquete juntos quando crianças, influenciados pela amizade e proximidade de seus pais. Mas Tamika voltou para os Estados Unidos antes, enquanto kobe passou um tempo no Velho Continente.

Mesmo em caminhos diferentes, os dois chegaram a ter um retorno semelhante, com histórias difíceis na infância. Catchings nasceu com um problema auditivo e teve que usar um aparelho em seus ouvidos para passar a escutar melhor. Devido à deficiência, sua fala é diferente, e se tornou motivo de chacota entre seus colegas. Diante dessa realidade, Tamika não reagia, mas encontrou na quadra uma maneira de se afirmar – e mostrar para as outras crianças que elas podiam até zombar de seus problemas na sala de aula, mas com a bola na mão, era ela quem estava no controle.

Quando Kobe retornou aos Estados Unidos, se viu em uma realidade nova na escola. Depois de passar muitos anos na Itália, não tinha domínio do idioma inglês e não sabia formular algumas frases ou palavras. Por isso, quando seus professores pediam para que lesse algo em voz alta, também era alvo de brincadeiras difamatórias. E a quadra foi o seu escape, assim como aconteceu com Tamika.

Kobe e Tamika brincando no Coliseu, em Roma

Depois de adultos, ambos seguiram caminhos brilhantes: liga profissional e seleção norte-americana. O sucesso de ambos, seja com o Los Angeles Lakers, o Indiana Fever ou o time dos Estados Unidos, não deixam dúvidas de que a Itália fez alguma coisa com esses dois que os transformou em máquinas do basquete.

Toda essa história é contada em um mini documentário da ESPN, nomeado Italian Imports, que ficou muito legal, recheado de fotos e depoimentos tanto de Tamika quanto de Kobe. Você pode assisti-lo aqui. Tem apenas 13 minutos.


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