sábado, 17 de dezembro de 2011

Dentro da seleção: Chuca se espelha em geração Paula, Hortência e Janeth e assiste a WNBA para conhecer rivais

Nos dias 09 e 11 de setembro desse ano, o Brasil participou de dois amistosos contra Cuba. Fui para Americana para acompanhar a última partida e tive a oportunidade de conversar com algumas jogadoras. Uma delas foi a Patricia Ferreira. Não reconhece? É porque todo mundo a chama de Chuca.

Jogadora de Ourinhos, um dos times mais tradicionais do país, cresceu em uma época na qual Paula, Hortência, Janeth, Leila Sobral e Marta passeavam em quadra e inspiravam várias garotas a encarar a bola laranja. Chuca chegou a ficar parada devido a tuberculose, mas volta ao ofício com a esperança de trazer novas conquistas para o Brasil. Confira nessa entrevista as expectativas dela quanto às novas jogadoras do nosso país, sua admiração por Janeth e, claro, seu relacionamento com a WNBA.

Qual a expectativa de vocês, veteranas da seleção, quanto à nova safra de jogadoras que está surgindo no Brasil, principalmente essas que voltaram com o bronze no mundial sub19?
Essas meninas, a Damiris, a Tássia, entre outras, vêm de um trabalho de base muito bom, por isso chegaram à seleção principal e estão ajudando. É fora de série! Eu acho que é muito bom trazê-las para o time adulto para nos ajudarem e para que elas adquiram experiência. Ah, e eles (a equipe técnica da base) estão de parabéns pelo trabalho que fizeram e estão fazendo. Porque daqui a algum tempo nós paramos, né? A idade chega, e elas estarão aí para o futuro do nosso basquete.

Quando você começou a jogar, sentiu falta desse cuidado?
Olha, não. Porque na época em que eu jogava, eu me inspirava na Paula, na Janeth, na Hortência, Marta... (ela deu uma pausa) Uau! Um monte! Uau! Era um time muito bom, que tinha a Leila Sobral também, e tantas outras super importantes para mim. Era uma época muita boa, na qual você tinha mais visibilidade. Tanto que depois de algum tempo eu peguei seleção e elas estavam lá, só a Paula e a Hortência que não, porque elas já haviam parado. Então acho que ter esse espelho foi mais fácil.

Elas trouxeram bastantes meninas para o basquete, né?
Sim, e isso contribuiu bastante para mim porque eu as admirava muito. E, graças a Deus, agora tudo o que eu tenho, tudo o que eu conquistei, lógico que tem o trabalho dos meus técnicos, dos meus ex-técnicos, toda a formação, mas acho que elas foram um ponto fundamental.

A responsabilidade agora é de você das suas companheiras?
É, tudo muda. Uma geração segue, a outra pára e nós queremos manter esse trabalho que elas começaram a fazer e, na verdade, conseguir resultado. Porque quanto mais resultado trouxermos, melhor será para o basquete.

Você chegou a jogar com a Janeth, certo? Como foi?
Eu era reserva dela, então quando ela saía, eu entrava. Mas foi muito bom, ela era extraordinária e eu aprendi muito.

E como foi a transição de relacionamento de ex-companheira de quadra para técnica?
A Jane é tranquila. Quando ela traça um objetivo, ela sabe o que ela quer e para onde tem que ir. E nisso, ela nos ajudou bastante. Como eu a conheço e ela sabe do meu potencial, às vezes é até bom porque ela fica falando algumas coisas, sabe? O que eu posso dar, se eu posso dar algo a mais. Ela sabe, então isso é importante porque ajuda muito.

Agora, indo um pouco para longe. Você gosta da WNBA?
Eu assisto bastante porque quando estamos nas Olimpíadas, ou no Mundial, enfrentamos essas jogadoras, então eu analiso o jogo, quero saber como elas estão. Principalmente os EUA, que é um Dream Team. Acredito que para derrotarmos os melhores precisamos estar entre eles ou observá-los, por isso eu fico olhando: mesmo que eu não esteja lá, vejo como jogam, porque se um dia tivermos que nos enfrentar, já conheço o estilo de jogo. E sempre dá para aprender bastante, já que essa liga têm grandes jogadoras. Sem contar com as nossas que estão lá (nota da blogueira: na época, Érika e Iziane – hoje, o contrato da ala terminou. Ainda não houve movimento quanto à situação dela).

Torce para algum time da WNBA?
Olha, na verdade... NÃO! (bem-humorada) Eu só fico observando, eu gosto de ver alguns estilos de jogadoras tipo a Taurasi e a Penny Taylor. Eu observo presto atenção em algumas delas, o que elas fazem, o treinamento, as jogadas, essas coisas.

Para terminar, qual o seu diferencial na seleção?
Minha alegria, minha vontade e a minha motivação. A busca por cada cesta, aquele ponto que você vibra, chama a torcida, grita, tudo pela vitória. Eu acho que essa força é importante.