quinta-feira, 19 de março de 2015

Tamika Catchings e Kobe Bryant têm muito mais do que o número da camisa em comum


Quem acompanha basquete certamente sabe quem é Kobe Bryant. Ao lado de LeBron James, o jogador do Los Angeles Lakers é um dos maiores ídolos da era pós Michael Jordan e por onde passa arrasta uma multidão de fãs. Mas existe uma jogadora na WNBA, com passos semelhantes aos do astro da equipe californiana, que também faz do esporte da bola laranja uma arte.

Tamika Catchings é uma das peças do elenco do Indiana Fever, equipe pela qual foi draftada em 2001. Não jogou sua primeira temporada como novata devido a uma lesão, mas a partir de 2002 fez muito estrago com os seus adversários. Campeã mundial e olímpica diversas vezes com a seleção dos Estados Unidos, além de presença garantida em All-Star Games, em 2012 garantiu seu primeiro título da WNBA, em uma série final contra o fortíssimo Minnesota Lynx. Foi a coroação de uma carreira que já contava com um MVP exatamente na edição anterior (2011).

Kobe e Tamika vestem o mesmo número na camisa: 24. Ambos são estrelas do basquete, nomes que não ficam de fora de discussões de especialistas e torcedores sobre quem é o melhor de cada modalidade que representam. Mas existe um elo muito maior entre eles: quando crianças, eram amigos... na Itália.

Tanto o pai de Bryant quanto o de Catchings foram jogadores da NBA. Harvey Catchings jogou de 1974 a 1985 no Philadelphia 76ers, New Jersey Nets, Milwaukee Bucks e Los Angeles Clippers. Joe "Jellybean" Bryant desfilou nas quadras da maior liga de basquete por menos tempo, mas dentro do mesmo período, de 1976 a 1984, no Philadelphia 76ers, San Diego Clippers e Houston Rockets.

Após o fim de sua carreira na liga norte-americana, o patriarca da família Catchings se mudou para uma cidade chamada Gorizia, ao norte da Itália, para atuar pelo Segafredo. O Sr. Bryant foi para Rieti, jogar no AMG Sebastiani Rieti, e passou mais sete temporadas em equipes italianas.

Foi neste período que os Bryant e os Catchings se encontraram e desenvolveram um laço firmado no sangue norte-americano. Naquela época, somente dois atletas estrangeiros poderiam fazer parte dos elencos da liga italiana, então era comum que os jogadores se conhecessem. Assim, Tamika e Kobe passaram uma parte da infância juntos, passeando pela Itália, visitando o Coliseu e, claro, jogando basquete.

Joe Bryant e Harvey Catchings passeando no Coliseu, em Roma

Os dois chegaram a jogar basquete juntos quando crianças, influenciados pela amizade e proximidade de seus pais. Mas Tamika voltou para os Estados Unidos antes, enquanto kobe passou um tempo no Velho Continente.

Mesmo em caminhos diferentes, os dois chegaram a ter um retorno semelhante, com histórias difíceis na infância. Catchings nasceu com um problema auditivo e teve que usar um aparelho em seus ouvidos para passar a escutar melhor. Devido à deficiência, sua fala é diferente, e se tornou motivo de chacota entre seus colegas. Diante dessa realidade, Tamika não reagia, mas encontrou na quadra uma maneira de se afirmar – e mostrar para as outras crianças que elas podiam até zombar de seus problemas na sala de aula, mas com a bola na mão, era ela quem estava no controle.

Quando Kobe retornou aos Estados Unidos, se viu em uma realidade nova na escola. Depois de passar muitos anos na Itália, não tinha domínio do idioma inglês e não sabia formular algumas frases ou palavras. Por isso, quando seus professores pediam para que lesse algo em voz alta, também era alvo de brincadeiras difamatórias. E a quadra foi o seu escape, assim como aconteceu com Tamika.

Kobe e Tamika brincando no Coliseu, em Roma

Depois de adultos, ambos seguiram caminhos brilhantes: liga profissional e seleção norte-americana. O sucesso de ambos, seja com o Los Angeles Lakers, o Indiana Fever ou o time dos Estados Unidos, não deixam dúvidas de que a Itália fez alguma coisa com esses dois que os transformou em máquinas do basquete.

Toda essa história é contada em um mini documentário da ESPN, nomeado Italian Imports, que ficou muito legal, recheado de fotos e depoimentos tanto de Tamika quanto de Kobe. Você pode assisti-lo aqui. Tem apenas 13 minutos.


quarta-feira, 11 de março de 2015

Vai e Vem: a movimentação da WNBA para a temporada de 2015

Atualizado em 25/03

O começo do ano da WNBA já está bem movimentado, com grandes mudanças e permanências nas equipes da liga norte-americana. A partir desta quarta-feira, esse post será atualizado semanalmente com as principais novidades.

Até o momento, as mudanças mais importantes foram a ida de Cappie Pondexter para o Chicago Sky, a renovação da Tamika Catchings com o Indiana Fever até sua aposentadoria e a saída de Candice Wiggins do Los Angeles Sparks para o New York Liberty.

Vale ressaltar a permanência das jogadoras brasileiras Érika de Souza e Nádia Colhado, que renovaram com o Atlanta Dream, Damiris Dantas, também por mais uma temporada com o Minnesota Lynx, e a grande novidade, Clarissa dos Santos, que fechou com o Chicago Sky e estreia na WNBA.


Atlanta Dream
Renovaram: Érika de Souza*, Nádia Colhado*, Jasmine Thomas
Chegaram: Roneeka Hodges
Saíram:
Permanecem: Matee Ajavon*, Sancho Lyttle, Angel McCoughtry, Shoni Schimmel

Chicago Sky
Renovaram: Temera Young*, Jessica Breland, Courtney Vandersloot, Allie Quigley
Chegaram: Cappie Pondexter, Clarissa dos Santos*, Jacki Gemelos
Saíram:
Permanecem: Elena Delle Donne

Connecticut Sun
Renovaram: Kayla Pedersen
Chegaram: Camille Little, Shekinna Stricklen, Danielle McCray, Chelsea Gray, Alyssia Brewer
Saíram: Renee Montgomery
Permanecem: Katie Douglas, Chiney Ogwumike

Indiana Fever:
Renovaram: Tamika Catchings, Sydney Carter, Lynetta Kizer
Chegaram: Alicia DeVaughn (training camp), Shenise Johnson
Saíram: Karima Christmas
Permanecem: Briann January, Jeanette Pohlen

Los Angeles Sparks
Renovaram: Alana Beard, Jantel Lavender
Chegaram: Brian Agler (técnico), Erin Phillips, Jennifer Hamson, Temeka Johnson
Saíram: Candice Wiggins
Permanecem: Candace Parker, Nneka Ogwumike, Sandrine Gruda, Kristi Toliver, Farhiya Abdi, Marianna Tolo, Nikki Greene, Ana Dabovic

Minnesota Lynx
Renovaram: Damiris Dantas*, Nadirah McKenith
Chegaram: Nika Baric
Saíram:
Permanecem: Seimone Augustus, Lindsay Whalen

New York Liberty
Renovaram: Avery Warley-Talbert, Natasha Lacy, Alex Montgomery,
Chegaram: Epiphanny Prince, Candice Wiggins, Tanisha Wright, Bec Allen, Carolin Swords
Saíram: Cappie Pondexter, Plenette Pierson
Permanecem: Tina Charles, Swin Cash, Ana Cruz, Sugar Rodgers, Essence Carson, 

Phoenix Mercury
Renovaram:
Chegaram: Marta Xargay, Monique Currie, Noele Quinn, Cayla Francis, Leilani Mitchell, Jasmine James, Shameka Christon
Saíram: Erin Phillips
Permanecem: Brittney Griner, Candice Dupree, DeWanna Bonner, Diana Taurasi**, Tiffany Bias, Mistie Bass, Exelina Kobrin, Shay Murphy

San Antonio Stars
Renovaram: Danielle Robinson, Jia Perkins, Danielle Adams
Chegaram: Toni Young, Ashley Paris, Brittany Chambers
Saíram: Becky Hammon (aposentadoria), Shenise Johnson
Permanecem: Astou Ndour, Kayla McBride, Kayla Alexander, Sophia Young

Seattle Storm
Renovaram: Sue Bird, Angel Robinson, Waltiea Rolle, Alysha Clark,
Chegaram: Jenny Boucek (técnica), Quanitra Hollingsworth, Abby Bishop, Renee Montgomery
Saíram: Brian Agler (técnico), Temeka Johnson
Permanecem: Lauren Jackson***

Tulsa Shock
Renovaram: Courtney Paris, Vicki Baugh
Chegaram: Karima Christmas, Plenette Pierson
Saíram: Roneeka Hodges
Permanecem: Skylar Diggins, Glory Johnson, Odyssey Sims, Tiffany Jackson-Jones,Jordan Hooper, Theresa Plaisance

Washington Mystics
Renovaram: Tierra Ruffin-Pratt, Kalana Greene, Kia Vaughn
Chegaram:
Saíram: Quanitra Hollingsworth, Monique Currie
Permanecem: Stefanie Dolson, Bria Hartley, Ivory Latta, Jelena Milovanovic, Emma Meesseman

*atualmente jogando no Brasil
**confirmada no time, mas não jogará a temporada
***dúvida para a temporada

segunda-feira, 9 de março de 2015

Desafio das Estrelas da LBF: em quem devemos ficar de olho

Os Jogos das Estrelas no geral são eventos festivos, sem aquela competitividade de uma temporada, quando cada jogo vale muito. Mas a rivalidade Brasil x Mundo que temos nas nossas ligas por aqui (LBF e NBB), tem gerado duelos emocionantes. Talvez por elevar o nosso nível de sentimento de patriotismo e inevitavelmente acabarmos torcendo muito para o time do nosso país, a torcida nesses confrontos são sempre efusivas.

Neste fim de semana, a Liga de Basquete Feminino (LBF) promoveu ao lado da Liga Nacional de Basquete (LNB) o Desafio das Estrelas BRA de Basquete. Homens e mulheres se reuniram no Pedrocão, em Franca (SP), para protagonizar a festa da modalidade dessa temporada. Na sexta-feira (06) aconteceram os desafios individuais e no sábado (07) os jogos entre LBF Brasil e LBF Mundo e NBB Brasil e NBB Mundo.

Por não termos tanto acesso aos jogos, não é fácil de acompanharmos o que acontece diariamente nas ligas nacionais. O campeonato masculino ainda tem mais visibilidade com transmissões às terças e sextas no SporTV e quartas e quintas pela Web TV em seu site oficial. Mas o feminino raramente aparece no "canal campeão", e quando ganha espaço é em horários infelizes, como sábados às 10h. Por isso, poder assistir atentamente  esse evento é uma boa oportunidade para poder conhecer novos nomes da modalidade.

Neste ano, as selecionadas para o Desafio das Estrelas da LBF foram bem mescladas. Jogadoras conhecidas, como Adrianinha, Érika de Souza, Iziane, Damiris, Jaqueline, Fran e Clarissa estavam juntas a Débora, Leila, Mariana Camargo, Tássia e Isabela Ramona. E essas cinco últimas são as que precisamos ficar de olho.

Débora é uma grande promessa para a seleção brasileira. Tem apenas 23 anos e é uma das armadoras do São José, com 1,64m. Já foi convocada pelo técnico Zanon e tem excelentes indicações, cotada para ser uma das substitutas de Adrianinha em breve, assim como Tainá Paixão. Em quadra, mostra confiança e parece ser uma point guard natural, no estilo Sue Bird: pode não ser a principal pontuadora, mas faz bem sua função de organizadora da equipe, tanto que é a maior assistente de seu time e a sexta jogadora que mas rouba bolas na atual temporada da LBF.

Leila Zabani joga no Basquete Jaraguá. É ala, tem 1,82m de altura de 23 anos de idade. No campeonato nacional, é a terceira cestinha de sua equipe, com média de 10,63 pontos por jogo. A jovem atleta ainda aparece com um dos melhores aproveitamentos em arremessos de dois pontos da temporada (50,38). Chamou muito a atenção no Desafio das Estrelas pela boa atuação.

Mariana Camargo foi a que mais me chamou a atenção. A ala/armadora tem 1,79m e é ala/armadora do Presidente Venceslau. Talvez por ter tido uma boa base na Oral Roberts University, tem destaque em quadra por conseguir fazer de maneira muito bonita uma das maiores dificuldades da maioria das mulheres do basquete: um arremesso com mecânica quase perfeita. É liderado por essa jogadora que a equipe paulista se mantém na LBF, com cinco vitórias e 11 derrotas, mais "tranquilo" do que Jaraguá e Brasília. O único problema de Mariana é sua idade: 29 anos. Quem sabe ela, que é a 11ª cestinha da temporada (14,11 pontos por jogo), não consiga uma chance com Zanon? É muito estranho que ela não seja um nome comum na seleção, o que pode ser explicado por seu tempo no exterior e o pouco acompanhamento dos nossos técnicos do desenvolvimento de atletas.

Depois das veteranas, Tássia foi a maior pontuadora do time LBF Brasil no Desafio das Estrelas. Foram só oito tentos marcados e quatro assistência, mas já significa alguma coisa. A ala/armadora do Santo André tem 1,80m e 22 anos bem representados na equipe de Santo André. A jovem tem mão quente: é a terceira melhor em arremessos de três pontos da liga (42,3% de aproveitamento) e com sua altura dá trabalho na armação e no papel de ala, sabendo se posicionar bem e com muita eficiência na hora de marcar.

Isabella Ramona, apesar de bem nova, é a mais conhecida das cinco. Com 20 anos, já foi convocada para a seleção brasileira e tem destaque no cenário nacional. Sua característica em quadra é de "partir para cima", o que algumas vezes pode acabar atrapalhando seu desenvolvimento por ser nova e precisar de um pouco mais de sabedoria no controle da bola. Mas se continuar trabalhando em seus fundamentos, principalmente nos passes e nos arremessos de três pontos, será uma potência para o futuro do basquete feminino brasileiro.

Ver tudo isso foi muito bom. Saber que a nossa seleção tem condições melhorar e, apesar de em passos curtos, voltar aos poucos a tempo melhores, é muito refrescante. Além dessas que não tem tanto destaque ou experiência, Érika de Souza, Damiris e Clarissa são figurinhas carimbadas do esquadrão verde amarelo e têm muito a continuar oferecendo. Todas elas são pivôs, e as cinco comentadas acima são armadoras, ala/armadoras e alas, posições que o elenco nacional precisa ajustar.

Um outro nome que não esteve no Desafio das Estrelas mas merece ser lembrada é Tainá Paixão, a mais cotada para substituir Adrianinha na função de armadora da seleção brasileira.

O lado ruim de tudo isso é que Luis Augusto Zanon, técnico da seleção, não esteve em Franca para acompanhar o fim de semana. Ainda não se sabe o motivo, mas é conhecido que nenhum atleta do São José, time que comanda no NBB, foi chamado para qualquer desafio individual ou o jogo do sábado. Essas são garotas que merecem um espaço no time para representar o Brasil em 2016.

domingo, 8 de março de 2015

O fim de semana de Clarissa dos Santos

A confirmação de um contrato com o Chicago Sky, vice-campeão da WNBA e uma das principais equipes da liga norte-americana, e o título de MVP do Desafio das Estrelas da LBF, além da liderança com 26 pontos e 17 rebotes na revanche do time do Brasil contra o Mundo no jogo festivo. A tarde do sábado mal havia começado e Clarissa dos Santos já tinha muitos motivos para poder considerar o primeiro fim de semana de março um dos mais memoráveis de sua carreira.

O basquete brasileiro tem um grande nome em suas quadras: Clarissa dos Santos. A pivô de 1,84m e 26 anos atua na equipe ADCF Unimed/Americana, pela qual se tornou campeã da Liga de Basquete Feminino (LBF) duas vezes, na temporada 2011/2012 e na última, 2013/2014. Com a camisa da seleção, foi campeã sul-americana em 2013 e 2014, além de ter sido coroada MVP do torneio no ano passado.

Clarissa no Desafio das Estrelas da LBF (Foto: Divulgação/LBF)

Na atual edição da LBF, Clarissa é a quinta maior pontuadora, com média de 16,44 pontos por jogo (foram 263 tentos em 16 partidas). A pivô está logo atrás de Damiris Dantas, sua companheira de equipe, e antes delas estão somente Iziane Castro (Maranhão Basquete), em primeiro e duas norte-americanas, Chloe Wells (APAB/Barretos) e Tiffany Hayes (UNINASSAU/América), em segundo e terceiro lugar respectivamente.

Outras estatísticas falam muito sobre essa jogadora. Em praticamente todas as que aparece na LBF, Clarissa nunca está abaixo das dez melhores posições. Nos arremessos de dois pontos, seu aproveitamento é de 57,8%, o sexto da liga. Para se ter um parâmetro de comparação, Shamell (Mogi das Cruzes), cestinha do NBB, soma 52,8%. A maior porcentagem de acertos entre os dez maiores pontuadores do campeonato masculino é de Rafael Hettsheimeir (Pachoalotto/Bauru), com 66,15% e abaixo dele está Kyle Lamonte (UniCEUB/BRB/Brasília), com 56,2%.

Mas não é só no ataque que Clarissa é um potência. A jogadora é a melhor reboteira da LBF, com 11,25 por jogo e a quinta maior "ladra" de bolas da temporada, com 2,31 recuperadas a cada compromisso, um total de 37 nas 16 partidas disputadas até o momento.

Com todos esses números, somados a outros como tocos, erros e minutos em quadra, Clarissa é nada menos do que a jogadora mais eficiente da LBF, com média de 24,31 de valorização por jogo, com uma boa diferença para a segunda melhor nessa estatística, a ala Tiffany Hayes, do América, com 19,94.

Números podem não dizer muita coisa no esporte, mas os de Clarissa são um verdeira reflexo de sua atuação em quadra. Conhecida por sua raça, ela é um pesadelo para suas adversárias. Apesar de ser pivô, suas características vão além daquelas pelas quais as mulheres do garrafão são conhecidas. Por ser ágil e habilidosa, consegue muito bem cumprir a função de ala/pivô. Sua grande facilidade em pegar rebotes, estabelecendo um importante domínio no garrafão, e seu incrível porte físico, também não passam nem um pouco despercebidos.

Não por menos que o anúncio de que Clarissa havia assinado um contrato com o Chicago Sky para a temporada de 2015 da WNBA foi grandemente comemorado pelo público basqueteiro do Brasil. Junto de Érika, Damiris e Nádia, a pivô será uma das quatro brasileiras na liga norte-americana, o maior número desde 2002, e poderá representar o país com qualidade nas quadras dos Estados Unidos.

Além dessa novidades, Clarissa brilhou no Desafio das Estrelas da LBF, no sábado (07). Com 26 pontos e 17 rebotes, a jogadora foi a líder na vitória por 78 a 73 do time da LBF Brasil sobre o da LBF Mundo, em um jogo bem disputado que serviu como revanche do ano anterior, quando as estrangeiras venceram em São José dos Campos.

Em Franca, onde o evento festivo foi realizado de maneira inédita junto ao do NBB, a pivô tinha todos os holofotes sobre si. A atenção dos torcedores e, principalmente, dos jornalistas, mostrava que uma nova fase está iniciante para Clarissa. Mas o que faz com que o brasileiro fique ainda mais feliz é o que a jogadora representa também fora de quadra.

Uma matéria feita pelo jornalista Fábio Balassiano em 2006 mostra que a essência da jogadora permanece até hoje: "um sorriso que não sai do seu rosto". E não é por menos. A garota que deu seus primeiros passos no basquete na Zona Oeste do Rio de Janeiro, com passagem pela Mangueira e pelo Fluminente, cruzou o oceano Atlântico, foi jogar em Portugal, voltou para o Brasil, se tornou bicampeã do campeonato nacional, ganhou papel de liderança na seleção e agora segue para o que pode ser considerado o maior posto de uma jogadora de basquete em questão de time.

A temporada de 2015 da WNBA começa no dia 05 de junho, e o Chicago Sky já tem compromisso em casa, contra o Indiana Fever, às 21:30 (horário de Brasília).Se você ainda não tinha motivos o suficiente para acompanhar o campeonato este ano, Clarissa se tornou mais um.

(importante lembrar: Clarissa dos Santos será companheira da habilidosa Tamera Young, jogadora do América na LBF)

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Epiphanny Prince, Elena Delle Donne e o massacre do Phoenix Mercury


Elena Delle Donne - sucesso em sua primeira atuação como profissional

Muito foi dito, especulado e reportado em relação às "Três para ver" (Three to see). Brittney Griner (Phoenix Mercury), Elena Delle Donne (Chicago Sky) e Skylar Diggins (Tulsa Shock - em ordem de escolha do draft) levaram para a WNBA um expectativa que não existia desde 2008, quando Candace Parker, Sylvia Fowles e Candice Wiggins entraram na liga profissional - 2011 teve Maya Moore e Liz Cambage, mas não foi o suficiente para criar, por exemplo, novos contratos televisivos.

Das novatas da classe de 2013, Brittney Griner sempre foi aquela de quem mais esperava-se resultado, algo que começou quando sua habilidade de enterrar foi descoberta pela mídia no ensino médio. E na noite dessa segunda-feira, a gigante teve sua primeira prova "às vera" como profissional.

O elenco do Phoenix Mercury entrou em quadra com apenas um desfalque, Penny Taylor, e tinha ao seu favor as extremamente importantes Diana Taurasi, Candice Dupree, DeWanna Bonner, Samantha Prahalis e Charde Houston, além da própria Brittney Griner. Do outro lado, o Chicago Sky, teoricamente mais fraco, contava com Sylvia Fowles, Swim Cash, Epiphanny Prince, Courtney Vandersloot e Elena Delle Donne. Como dito acima, "teoricamente" esse era um elenco menos expressivo do que o da cidade do Arizona.

Ledo engano.

O placar final da partida foi 102 a 80 para o Chicago Sky, com atuações incríveis de Epiphanny Prince (26 pontos) e Elena Delle Donne (22 pontos e 8 rebotes). Ou seja, das três novatas mais importantes da temporada, a única que saiu com vitória na primeira rodada e teve estatísticas significativas foi a segunda escolha.

Britney Griner enterrou. Duas vezes (veja a primeira aqui e a segunda aqui). O suficiente para levantar a torcida no US Airways Center.

Brittney Griner se junta ao seleto grupo de jogadoras que já enterraram na WNBA (composto por Lisa Leslie e Candace Parker), e se torna a primeira a executar esse movimento duas vezes em uma mesma partida - tudo isso em seu primeiro compromisso como profissional

O jogo dessa noite realmente foi uma surpresa para a maioria daqueles que esperavam uma conquista massacrante do Phoenix Mercury sobre o seu adversário e acabaram vendo exatamente o contrário acontecer. O equilíbrio vinha de torcedores que simpatizaram com o talento e a história de Delle Donne (leia aqui sobre isso)

De acordo com a agenda da WNBA, os próximos jogos dessas equipes serão na sexta-feira (Chicago Sky x Connecticut Sun, às 21h30) e no domingo (Phoenix Mercury x Seattle Storm, às 22h). Vale muito a pena conferir o que vai acontecer.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O que esperar da temporada que começa hoje?

(alguns dos trechos foram tirados da minha coluna Vestiário Feminino, no Spurs Brasil, principal blog brasileira sobre o San Antonio Spurs)

Hoje, às 21h, o atual campeão da WNBA, Indiana Fever, enfrenta o San Antonio Silver Stars na primeira partida oficial da liga em 2013. Esse ano, diferente do que vinha acontecendo há alguns na competição, há muita expectativa para coisas novas e viradas de times que se deram muito mal no ano passadou ou já há algum tempo. Por exemplo?

1 - Phoenix Mercury, o grande favorito

Em 2012, o Phoenix Mercury passou por uma fase muito ruim. Sem suas principais jogadoras - Diana Taurasi, Penny Taylor e Candice Dupree - a equipe amargou a última colocação na conferência Oeste, atrás até mesmo do Tulsa Shock, com uma campanha que só não foi pior do que a do Washington Mystics. Por conta disso, foi premiado com uma posição privilegiada no draft e literalmente ganhou na loteria: adquiriu Brittney Griner. Agora, em 2013, Corey Gaines tem todos os ventos a seu favor para a redenção: o elenco está completo (e por completo, entenda Taurasi, Taylor, Dupree, Bonner e Griner.

2 - New York Liberty, ou Detroit Shock madeover

Bill Laimbeer, aquele da época dos bad boys do Detroit Pistons, voltou à WNBA nessa temporada. À frente do New Liberty, o head coach já mexeu os pauzinhos e deixou a formação da equipe um tanto quanto familiar: Kara Braxton, Cheryl Ford, Plenette Pierson e Katie Smith já estiveram sob o comando do técnico da equipe que foi tricampeã da liga. Para completar a semelhança com o elenco da antiga franquia, Taj McWilliams-Franklin estreia como assistente. Junto a todos esses nomes, encontram-se Cappie Pondexter, Leilani Mitchell (jamais esquecer do crossover da Becky Hammon que a deixou sentada no Madison Square Garden) em quadra, e Teresa Weatherspoon também como assistente. Ou seja, o New York Liberty, apesar de estar com jogadoras mais velhas, é um forte concorrente ao título da Conferência Leste. Vai dar trabalho, e, no mínimo, vai ser muito interessante de se assistir.

3 - Three to see, as novatas que prometem trazer uma nova vida à WNBA

Elena Delle Donne, Bittney Griner e Skylar Diggins

Brittney Griner, Elena Delle Donne e Skylar Diggins. Esses nomes são conhecidos há algum tempo, mas só chegaram à liga profissional neste ano.

A primeira causa frisson entre os entusiastas do basquete desde o ensino médio devido à sua incrível habilidade de enterrar. Não qualquer enterrada com um pulo mais alto e uma das mãos alcançando o aro (como já aconteceu com Lisa Leslie, Candace Parker e Liz Cambage – e até mesmo a baixinha Deanna Nolan), mas um impulso incrível a ponto de se pendurar no aro com as duas mãos, ficar por lá com os joelhos flexionados e depois saltar para o chão com a maior empolgação do mundo. O resultado de sua fama foi ser a primeira escolha do Draft, por um Phoenix Mercury que se arrastou no ano passado sem as suas principais jogadoras e experimentou a ausência dos playoffs.

Elena Delle Donne foi polêmica. Escolhida para o programa da Universidade de Connecticut (quem acompanha sabe que isso não é pouca coisa), decidiu voltar para sua cidade, no estado de Delaware, antes mesmo de sua temporada como rookie (novata) na NCAA começar. O motivo? A família. A jovem gigante não conseguiu ficar longe por muito tempo, principalmente de sua irmã, Lizzie, que nasceu com diversas síndromes (alguns acreditam que isso pode ter sido consequência da participação de seu pai na Guerra do Vietnã e das armas químicas usadas pelos norte-americanos por lá). No retorno à sua terra natal, Elena começou a jogar vôlei, mas acabou entrando na equipe de basquete da Universidade de Delaware, que, bem diferente da “UConn”, não tem tradição alguma na competição universitária. Seu talento, no entanto, levou as Blue Hens às primeiras aparições nas fases nacionais da NCAA (qualquer semelhança com a heroína do San Antonio Silver Stars, Becky Hammon, é mera coincidência). A coroação da pivô com habilidades de armadora foi no Draft, sendo a segunda escolha no geral, pelo Chicago Sky (apesar de todos os esforços, o time nunca foi aos playoffs da WNBA).

Skylar Diggins é sinônimo de beleza e popularidade – ela é a atleta universitária que mais tem seguidores no Twitter. Porém, por trás do rostinho bonito (o blogueiro Lucas Pastore, que vocês conhecem, que o diga) está a armadora que liderou a tradicional Universidade de Notre Dame durante quatro anos em excepcionais campanhas na NCAA. Escolhida em terceiro lugar pelo Tulsa Shock, Diggins tem em mãos o desafio de dar alguma vida a essa equipe que até agora é o coringa da WNBA.

(continua)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Conheça e entenda as mudanças da WNBA a partir de 2013

Achou que eu bebi umas, fiz uma edição do Photoshop e inventei um logo novo para a WNBA? Nada disso!

Há duas semanas, a WNBA divulgou em seu site oficial e redes sociais que faria um anúncio importantíssimo, arriscando até mesmo a afirmar que esse seria o mais importante da história da liga.

No dia 28 de março, com a participação de John Skipper, presidente da ESPN, e Laurel Ritchie, presidente da WNBA, as novidades para o futuro próximo da liga foram apresentadas.

O primeiro tópico abordado pelos dois representantes foi a extensão do contrato de transmissão da liga com a ESPN. A emissora se comprometeu a televisionar 30 partidas por temporada a partir de 2013, o que significa um aumento de dois jogos a cada ano. A grande mudança, no entanto, foi a inserção do Draft da WNBA na grade de programação do canal. A iniciar neste ano, a escolha das futuras estrelas da competição será transmitida ao vivo, na segunda-feira (15/04), a partir das 22h.

Outra mudança, porém, para a temporada de 2014, é a criação de novos uniformes. A Adidas, atual patrocinadora da vestimenta das jogadoras em quadra, desenvolverá novos padrões para o próximo ano a fim de atender às exigências da nova geração de atletas que surge na liga (por “nova geração”, entenda Brittney Griner, Skylar Diggins e Elena Delle Done). Essa é uma novidade muito boa, pois os times perderam sua identidade visual depois que a liga adotou um único estilo de uniforme para todas as equipes.

A apresentação mais significativa, no entanto, foi a do novo logo da WNBA. Eu fiquei chocada. Ao invés daquele azul e vermelho com a silhueta de uma jogadora em branco, a nova identidade visual da liga é completamente laranja e com uma nova silhueta. Demora para acostumar. De acordo com Laurel Richie e Swim Cash, que também estava na apresentação das novidades, o novo logo “representa todas as gerações de atletas que já passaram pela WNBA”. Sabemos que existe um trabalho muito forte de agência de publicidade e assessoria de imprensa por trás da introdução dessa nova logomarca, afinal foi a troca de uma imagem que ficou marcada por 16 anos.

A parte mais legal do novo logotipo da WNBA foi a campanha viral ao redor, exatamente, da jogadora que foi o modelo da silhueta. A associação lançou a hashtag #iamlogowoman” com o objetivo de gerar discussões nas redes sociais sobre quem seria a atleta que representa a liga em sua nova identidade visual.. No Twitter e no Facebook fãs, jornalistas e admiradores fazem suas apostas para descobrir quem é a misteriosa mulher (dessa vez, não de vestido vermelho).

De todas essas mudanças, o mais interessante é observar que a WNBA ainda é alvo de investimentos importantes. Pretendo falar mais sobre o novo logo em um post específico, pois acredito que essa mudança faça parte de um afastamento em escala da liga feminina com a NBA.


 Swim Cash exibindo uma camiseta com o novo logo da WNBA, e a nova bola oficial, também com a nova identidade

No Twitter: @BetaOsraReed