terça-feira, 13 de setembro de 2011

Dentro da seleção: Amistoso Brasil x Cuba - Jogos Desafio Eletrobras

Nesse fim de semana, a seleção brasileira de basquete feminino participou de dois amistosos pelos Jogos Desafio Eletrobras contra a sempre rival Cuba, como parte da preparação para o Pré-Olímpico, que começa no dia 24 desse mês, e dá apenas uma vaga para algum time da América, nas Olimpíadas de 2012. O primeiro foi na sexta-feira e o outro no domingo, dia em que eu estive na cidade de Americana para ouvir algumas jogadoras e personagens da comissão técnica.

O duelo Brasil x Cuba sempre foi palco de fortes emoções, e próximo ao levantar da bola na manhã do dia 11, Janeth, que já passou por muitos deles, falou sobre a importância de enfrentar essa seleção em um amistoso há poucos dias da viagem à Colômbia. "O importante é que nós estamos evoluindo taticamente, técnicamente e fisicamente. Queremos chegar a 100% na competição, e Cuba sempre foi um time para o qual podemos pedir o caminho que estamos trilhando, e também é um adversário direto na disputa pela vaga na competição [em Neiva], junto ao Canadá e a Argentina."

Tanto Ênio Vecchi (técnico) quanto Janeth (assistente técnica) e Hortência (diretora de seleções) ficaram satisfeitos com o que viram dentro de quadra. "Lógico que não executamos 100% daquilo que nós programamos. Ainda temos algumas correções a serem feitas, mas a atuação delas foi satisfatória," disse o comandante da equipe.

O discurso da diretora não foi diferente. "Eu não estou buscando resultado. É obvio que a televisão está aí e estão mostrando [os jogos] para todo mundo, mas o mais importante é treinar a equipe para o Pré-Olímpico. O time masculino do Brasil [em Mar Del Plata] não começou jogando como eles terminaram. O importante é crescer na competição e ganhar na hora que tem que ganhar", disse a ex-atleta, que aproveitou a conquista dos meninos no sábado para animar as jogadoras em uma rápida reunião na noite do mesmo dia. "Eu aproveitei esse momento, que é de alegria para os meninos, e falei pra elas que a gente também sente isso. O mais importante que eu percebi [na partida da seleção masculina, contra a República Dominicana] foi o abraço dos jogadores antes do jogo. Uma coisa forte, uma coisa de equipe, uma união, mas não da boca para fora, o que para mim faz toda a diferença. E eu perguntei se elas haviam observado isso, porque eu vejo que elas estão iguais."

Em um elenco de jogadoras que passam por fases tão diferentes (as idades variam de 18 a 32 anos), o olhar não pode ser desviado do foco, que é a conquista da vaga olímpica, e Clarrisa e Chuca disseram, com certeza e alegria, que o grupo está bastante unido. Damiris (18 anos), a mais nova, teve sua primeira participação com a seleção principal na sexta-feira, e estava bastante nervosa. No final do compromisso, Chuca (32 anos) sentou ao lado dela no alongamento e a deu algumas palavras de consolo. "Por ser transmitido na televisão, nós achamos que temos a obrigação de fazer um bom jogo e mostrar porque viemos. Então, eu só falei para ela ficar tranquila e acreditar no potencial dela. Ela está aqui e vai contribuir muito bem, assim como as outras. Também disse que estamos prontas para ajudar, e acho que ela ficou muito feliz com isso", contou a veterana, durante uma conversa muito agradável no lounge do hotel em que a seleção está hospedada no interior de São Paulo. Na sexta-feira, quando as brasileiras perdiam no último quarto, ela entrou em quadra e acertou uma bola de três pontos, que ajudou na retomada da liderança do placar. "É trabalho. Eu acho que quando você trabalha e acredita, as coisas vão caminhando e dá tu do certo", foi o máximo que Patrícia Oliveira (sim, esse é o nome dela!) comentou sobre si quando sua atuação no primeiro dos amistosos foi mencionada.

A jogadora de maior destaque nos jogos foi a pivô Clarissa (24 anos, 1,87m), que marcou 24 pontos e pegou 11 rebotes no dia 9, e fez 13 e 11 dos mesmos fundamentos no domingo. "O que eu acho que trago de mais importante para a seleção é o mínimo que uma ótima atleta pode fazer, que é ter disposição de estar livre todos os dias executando nosso trabalho, o qual gostamos de fazer, e fazemos com alegria. E isso é o mesmo que todas as meninas aqui também trazem para o time", disse com humildade a provável dupla de Érika de Souza no garrafão verde e amarelo.

Um dos nomes mais importantes do Atlanta Dream, Érika está confirmada no grupo que vai disputar com outras 9 seleções um espaço em Londres. Diferente dela, Iziane pediu dispensa. Esse é seu último ano de contrato com a WNBA (ela joga no mesmo time que Érika), e ela quer continuar com a equipe da Geórgia na pós-temporada, para poder garantir que continua na liga norteamericana. (Se eu for falar DE VERDADE sobre esse assunto nesse post, o texto vai ficar grande demais. Fica para a próxima!)

Na tarde do domingo, Ênnio Vecchi acabou com a ansiedade das jogadoras (e dos torcedores, jornalistas...) ao liberar a lista das convocadas. Confira abaixo quem são elas:

SELEÇÃO BRASILEIRA FEMININA (fonte: CBB.com.br):
Nome - Posição - Idade - Altura – Clube – Naturalidade
Adriana Moisés Pinto - Armadora – 32 anos - 1,70m - Parma (Itália) – SP
Palmira Marçal – Ala/Armadora – 26 anos - 1,75m - Poty/A. Cometa Unimed Catanduva (SP) – PR
Patrícia de Oliveira Ferreira – Ala – 32 anos - 1,82m - Ourinhos Basquete (SP) – SP
Micaela Martins Jacintho – Ala - 31 - 1,80 Santo André/Semasa (SP) – RJ
Franciele Aparecida do Nascimento - Pivô - 23 anos - 1,92m - Hondarribia (Espanha) – PR
Silvia Cristina Gustavo Rocha Valente - Ala - 28 anos - 1,86m - Ourinhos Basquete (SP) – SP
Bárbara de Queiroz - Armadora - 25 anos - 1,80m - Unimed/Americana (SP) - SP
Damiris Dantas do Amaral - Pivô – 18 anos - 1,92m – Celta de Vigo (Espanha) – SP
Nádia Gomes Colhado - Pivô – 22 anos - 1,94m - Santo André/Semasa (SP) – PR
Clarissa Cristina dos Santos – Pivô – 23 anos - 1,87m - Unimed/Americana (SP) – RJ
Gilmara Justino - Pivô - 30 anos - 1,85m - Poty/Açucar Cometa Unimed Catanduva (SP) – SP
Erika Cristina de Souza - Pivô – 29 anos - 2,00m - Atlanta Dream (EUA) – RJ

Bethânia, Tássia (lesionada), Carina e Jaqueline foram os últimos cortes.

No próximo dia 16 (sexta-feira), Ênio Vecchi, sua equipe técnica e suas jogadoras viajam para o vizinho da América do Sul onde batalharão para conseguir o mesmo que Magnano, Tiago Splitter, Marcelinho e todos os meninos que representaram o Brasil em Mar del Plata. Elas levam consigo não somente a responsabilidade de garantir a presença na Europa em julho do ano que vem, mas também aquela de trazer a modalidade de volta ao espaço que um dia teve em terras tupiniquins.

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