Quem acompanha basquete certamente sabe quem é Kobe Bryant. Ao lado de LeBron James, o jogador do Los Angeles Lakers é um dos maiores ídolos da era pós Michael Jordan e por onde passa arrasta uma multidão de fãs. Mas existe uma jogadora na WNBA, com passos semelhantes aos do astro da equipe californiana, que também faz do esporte da bola laranja uma arte.
Tamika Catchings é uma das peças do elenco do Indiana Fever,
equipe pela qual foi draftada em 2001. Não jogou sua primeira temporada como
novata devido a uma lesão, mas a partir de 2002 fez muito estrago com os seus
adversários. Campeã mundial e olímpica diversas vezes com a seleção dos Estados
Unidos, além de presença garantida em All-Star Games, em 2012 garantiu seu
primeiro título da WNBA, em uma série final contra o fortíssimo Minnesota Lynx.
Foi a coroação de uma carreira que já contava com um MVP exatamente na edição
anterior (2011).
Kobe e Tamika vestem o mesmo número na camisa: 24. Ambos são
estrelas do basquete, nomes que não ficam de fora de discussões de
especialistas e torcedores sobre quem é o melhor de cada modalidade que
representam. Mas existe um elo muito maior entre eles: quando crianças, eram
amigos... na Itália.
Tanto o pai de Bryant quanto o de Catchings foram jogadores
da NBA. Harvey Catchings jogou
de 1974 a 1985 no Philadelphia 76ers, New Jersey Nets, Milwaukee Bucks e Los
Angeles Clippers. Joe "Jellybean" Bryant desfilou nas quadras
da maior liga de basquete por menos tempo, mas dentro do mesmo período, de 1976
a 1984, no Philadelphia 76ers, San Diego Clippers e Houston Rockets.
Após o fim de sua carreira na liga norte-americana, o
patriarca da família Catchings se mudou para uma cidade chamada Gorizia, ao
norte da Itália, para atuar pelo Segafredo. O Sr. Bryant foi para Rieti, jogar
no AMG Sebastiani Rieti, e passou mais sete temporadas em equipes italianas.
Foi neste período que os Bryant e os Catchings se
encontraram e desenvolveram um laço firmado no sangue norte-americano. Naquela
época, somente dois atletas estrangeiros poderiam fazer parte dos elencos da
liga italiana, então era comum que os jogadores se conhecessem. Assim, Tamika e
Kobe passaram uma parte da infância juntos, passeando pela Itália, visitando o
Coliseu e, claro, jogando basquete.
Joe Bryant e Harvey Catchings passeando no Coliseu, em Roma
Os dois chegaram a jogar basquete juntos quando crianças,
influenciados pela amizade e proximidade de seus pais. Mas Tamika voltou para
os Estados Unidos antes, enquanto kobe passou um tempo no Velho Continente.
Mesmo em caminhos diferentes, os dois chegaram a ter um
retorno semelhante, com histórias difíceis na infância. Catchings nasceu com um
problema auditivo e teve que usar um aparelho em seus ouvidos para passar a
escutar melhor. Devido à deficiência, sua fala é diferente, e se tornou motivo
de chacota entre seus colegas. Diante dessa realidade, Tamika não reagia, mas
encontrou na quadra uma maneira de se afirmar – e mostrar para as outras
crianças que elas podiam até zombar de seus problemas na sala de aula, mas com
a bola na mão, era ela quem estava no controle.
Quando Kobe retornou aos Estados Unidos, se viu em uma
realidade nova na escola. Depois de passar muitos anos na Itália, não tinha domínio
do idioma inglês e não sabia formular algumas frases ou palavras. Por isso,
quando seus professores pediam para que lesse algo em voz alta, também era alvo
de brincadeiras difamatórias. E a quadra foi o seu escape, assim como aconteceu
com Tamika.
Kobe e Tamika brincando no Coliseu, em Roma
Depois de adultos, ambos seguiram caminhos brilhantes: liga
profissional e seleção norte-americana. O sucesso de ambos, seja com o Los
Angeles Lakers, o Indiana Fever ou o time dos Estados Unidos, não deixam
dúvidas de que a Itália fez alguma coisa com esses dois que os transformou em
máquinas do basquete.
Toda essa história é contada em um mini documentário da ESPN, nomeado Italian Imports, que ficou muito legal, recheado de fotos e depoimentos tanto de Tamika quanto de Kobe. Você pode assisti-lo aqui. Tem apenas 13 minutos.
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